sábado, 26 de fevereiro de 2011

TICs - um bem durável

por Aparecida Soares; Mariene Monteiro; Rafael Meireles.


A sociedade industrial e tecnológica na qual vivemos tende a interpretar tudo como produto que pode ser descartável e não reciclável. Eis um dos fatores que prejudicam a qualidade da educação, pois o que se ensina é a reprodução de informações prontas para o consumo. Como herança do behaviorista, no processo educativo, vende-se o "como fazer" para que o mercado tenha quem o faça, garantindo assim a mão de obra que o capitalismo exige. Eis a educação tecnicista, a qual Libaneo atribui ao período militar - onde também houve uma resistência à tecnologia. Falando em tecnologia, temos em 2006, através de levantamento do IBGE, que "a rede pública municipal de ensino foi a que mais concentrou computadores em rede, visando a inclusão digital (61,8%)".

Em uma tentativa de democratizar a informática, cria-se conceitos de inclusão digital aplicados de modo a inserir as escolas nas novas tendências educacionais. Prática muitas vezes ilusória, pois a simples disponibilização do maquinário não soluciona o analfabetismo digital, e o que se oferece de "inclusão" é uma alternativa errônea do que pode ser as TICs. Segundo Libaneo "muitos entusiastas da internet [...] falam de uma democratização do acesso às informações. Em parte, isso realmente está acontecendo, mas são milhares de excluídos da rede, os sem-computador, os sem-internet".

Mas aqueles que detêm o recurso e sabem explorá-lo, podem conquistar novas vertentes didáticas, tal qual a Escola do Futuro da USP. A aplicação deste projeto está embasada no compromisso com a pesquisa, com a formulação de diferentes estratégias educacionais mediadas e midiatizadas pelas TIC, com “a formação de novas gerações de educadores que vejam na interface entre educação e comunicação um campo fértil para sua criatividade, discernimento e constante aperfeiçoamento [e com] o desenvolvimento de um modelo de parceria entre a universidade, a sociedade e diferentes agências e esferas de governo, todos comprometidos com o aperfeiçoamento da Educação no Brasil”.

Tem-se, neste cenário, a necessidade de um professor atualizado aos novos processos de difusão de informação e capaz de fazer uso destes recursos para agregar conhecimento significativo, tanto em sala de aula, quanto a distância. Para Rezende Fusari, citado por Libaneo, "'aprender a pensar e a praticar comunicações midiatizadas' como requisito das subjetividades e da cidadania", ou seja, educar os jovens para que possam dominar a linguagem midiática sem que sejam por ela dominados.


REFERÊNCIA

LIBÂNEO, J. C.. As Tecnologias da Comunicação e Informação e a Formação de Professores. In: SILVA, C. C.; SUANNO, M. V. R. (orgs.). Didática e Interfaces. Rio de Janeiro / Goiânia: Deescubra, 2007.

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