sábado, 26 de fevereiro de 2011

O paradigma tecnicista e o paradigma histórico-cultural: a educação em tempos de tecnologia

As discussões em torno da relação professor e o uso das novas tecnologias em ambiente escolar não são novas, tampouco, se encerrarão com este texto. Contudo, acredito ser importante (re)pensar essa relação numa perspectiva de formação de professores, ou ainda, que papel este professor tem ocupado em um mundo tão tecnológico, moderno, dinâmico e informacional?
Na verdade, numa perspectiva de educação alicerçada em princípios histórico-culturais, ou para além da famosa escola tradicional, o professor ocupa, ou pelo menos deveria, ocupar um lugar de mediador, possibilitador, facilitador da construção dos conhecimentos feitos pelos próprios alunos, assim como de suas habilidades.
Pimenta, pondera que o fazer pedagógico do professor está indiscutivelmente imbricado da identidade deste e que esta é construída historicamente se transformando ao longo do tempo diante das novas demandas da sociedade.
Essas novas demandas da sociedade não se constituem apenas em tecnologias, como computadores conectados a redes sociais, televisão com transmissão digital, ou outros aparatos que nós, simples professores, nem imaginamos que existam. Vale lembrar, que o próprio texto escrito, aquele antigo usado desde os tempos mais remotos para comunicação entre pessoas, uma carta, por exemplo, ou um anúncio de jornal, sofreram grandes alterações no decorrer dos anos e seu uso dentro da escola também. No entanto, ainda há professores que criam textos com o único intuito de alfabetizar seus alunos: “Bia viu a bola. A bola de Bia é bela.” E blá, blá, blá, blá... Ora, o uso crítico e criativo dos meios audiovisuais e das tecnologias informáticas, passam por aqui também. Assim, as discussões precisam ser feitas a nível de formação/concepção do fazer do professor.
Vasconcellos reitera que o professor parece ter se perdido no tempo, “se esqueceu, negligenciou ou descomprometeu-se da necessidade indispensável de atualizar-se constantemente”. O que está posta nesta situação é simples: como o professor, uma das profissões mais antigas do mundo, vai conviver com um mundo que a cada minuto se disfaz e se refaz? O professor jamais conseguirá se atualizar, ou mesmo, conhecer de forma tão rápida as informações que circulam no mundo hoje. Contudo, ele pode se perceber neste mundo como um agente mediático, sujeito pensante e que não é mais o centro da aprendizagem. O foco da educação agora é outro: o aluno é que o agente de sua própria formação e é capaz de aprender sozinho, sem esse professor.
Não se trata, porém, de imaginar a escola formal, sem a figura do professor, sendo este substituído pelas novas TIC’s. O professor continua sendo parte do processo de ensino aprendizagem, mas em um outro paradigma e que não pode jamais ser substituído por uma tecnologia de última geração, ou a mais obsoleta e ridícula delas: um DVD por exemplo.
Este professor precisa entender que informação deve ser transformada em conhecimento e para isso, o aluno necessita desenvolver habilidades cognitivas que as TIC’s, por si só não servem para nada. Necessitam da mediação crítica do professor. Chauí ilustra muito bem o papel do professor, quando o coloca em uma situação de fazer com o aluno e não para o aluno. Se este aluno, inserido em uma sociedade das redes sociais, que fica horas na internet tem informações rápidas do que aconteceu no oriente médio há segundos atrás, cabe ao professor interligar a informação do aluno com uma leitura crítica que só será feita conhecendo a história antiga daquele lugar. Vídeos, slides, ou outras ferramentas devem ser usadas na prática do professor para contribuir com a formação crítica de seu aluno.


Contudo,

"descaracterizar o sentido da aprendizagem escolar em decorrência da presença das inovações tecnológicas é obviamente um equívoco. O valor da aprendizagem escolar está, precisamente, em introduzir os alunos no significados da cultura e da ciência através de mediações cognitivas e interacionais que supõem a relação docente." Libâneo (p.105, 2007)



Por

LUCIANA FERREIRA MONTEIRO CORDEIRO
RICARDO NITEROI GALVÃO DE SOUZA
MARCO TULIO RAMOS COELHO

Nenhum comentário:

Postar um comentário